“FEMINICÍDIO: QUANDO O AMOR VIRA CRIME”

Publicado em  25 de julho de 2025

Hoje me dirijo a todos em respeito e profunda dor para tratar de um tema que nos constrange e exige ação: o feminicídio ocorrido recentemente em Poxoréu. A tragédia que vitimou a jovem Ednamara da Silva Pereira — assassinada por seu próprio esposo — não é um caso isolado, mas reflexo de uma pandemia silenciosa que assola nossa sociedade. Em Mato Grosso, registramos 47 feminicídios em 2024 — correspondendo a uma taxa alarmante de 2,5 mortes a cada 100 mil mulheres, a maior do país pelo segundo ano consecutivo. Ainda em apenas sete meses de 2025, já somamos 30 casos, o que representa quase 64% do total do ano anterior.
Esses dados, trazidos à luz pelo Observatório Caliandra do Ministério Público do Estado de Mato Grosso e por órgãos de segurança, revelam também que 83% dos feminicídios ocorrem no ambiente doméstico, e que 41 das 47 vítimas em 2024 eram mães, muitas delas presas a relações violentas — com medidas protetivas quase sempre ausentes ou ineficientes. O caso de Ednamara, infelizmente, confirma esse padrão: havia medida protetiva estabelecida, mas ela não foi suficiente para garantir sua segurança.
Estamos prestes a entrar no mês de agosto — o Agosto Lilás, período dedicado ao combate sistemático contra a violência à mulher. É um momento oportuno para renovar nosso compromisso de forma coletiva, com políticas públicas eficazes de prevenção, apoio e punição. Precisamos parar de reproduzir narrativas que naturalizam a violência e agir de forma concreta.

  1. Prevenção e informação
  • Ampliação e difusão da rede de apoio: intensificar ações como campanhas, palestras, “blitz” educativas e rodas de conversa em parceria com a Polícia Civil, CREAS, CAPS e organizações da sociedade civil.
  • Capacitação contínua dos profissionais: garantir que guardas municipais, policiais, assistentes sociais, professores e agentes de saúde recebam treinamentos regulares para identificação precoce e abordagem humanizada.
  • Educação desde cedo: fortalecer programas nas escolas que promovam cultura de igualdade, respeito e direitos humanos, para que a nova geração seja parte ativa na transformação de comportamentos.
  1. Proteção e acolhimento adequado
  • Melhorar a efetividade das medidas protetivas com monitoramento ativo e resposta imediata em caso de descumprimento.
  • Estruturas especializadas: implantar na região uma Casa da Mulher Brasileira — que centralize delegacia especializada, apoio psicológico, defensoria pública e serviços de saúde.
  • Vídeo-monitoramento e tecnologia: investir em alertas eletrônicos, botões de pânico e rede de tele assistência para mulheres em risco.
  1. Apoio econômico e autonomia
  • Dados da Polícia Civil mostram que 76% das vítimas tinham renda própria, mas ainda eram financeiramente vulneráveis. Para romper o ciclo da violência, é preciso:
  • Expandir o “Programa Ser Família Mulher”.
  • Estimular​cursos​de​capacitação​e geração de renda.
    o Criar​rede​de​parcerias​para​ofertar empregos e apoio social.
  1. Punição eficaz e justiça
  • O “Pacote Antifeminicídio”, sancionado em 2024, equipara o crime a hediondo, eliminando benefícios como fiança e progressão de pena. Aprovamos uma legislação robusta, mas precisamos:
    •Garantir​ aplicação​ rigorosa​ dessas
    •Monitorar a execução das penas.
    •Apoiar as vítimas e seus filhos em processos de perda e vulnerabilidade.
  1. Mobilização da sociedade e monitoramento de dados
  • Transparência e dados oficiais: fomentar estudos e estatísticas municipais em parceria com órgãos estaduais e federais.
  • Participação cidadã: organizar fóruns e conferências com mulheres, defensoras de direitos humanos, escolas e empresas para uma mobilização plural e contínua.

Senhor Presidente, colegas vereadores e vereadoras, esta Câmara tem papel fundamental na construção de uma sociedade justa, onde nossas mães, filhas, esposas, irmãs — todas as mulheres — vivam sem medo, com liberdade e dignidade.
Que este Agosto Lilás não seja apenas uma cor no calendário, mas um marco de ações que gerem transformação real em Poxoréu.
É assim que transformamos dor em força, tragédia em aprendizado, política em vida. E que a voz de Ednamara ecoe em cada ação nossa, trazendo justiça, proteção e esperança.

Muito obrigada.

Vereadora Profª Gisa Hair
Procurada da Mulher na Câmara Municipal de Poxoréu

Fontes consultadas:

  • Caso Ednamara e estatísticas de feminicídio em Poxoréu e Mato Grosso ReporterMT – Mato Grosso em um clique+1olhardireto.com.br+1.
  • Relatório da Polícia Civil (2024): perfil das vítimas, ambiente doméstico e renda pjc.mt.gov.brMinistério Público do Maranhão.
  • Agosto Lilás — combate à violência contra a mulher. (link sugerido)
  • Observatório Caliandra https://caliandra.mpmt.mp.br/

🚨 Feminicídio é o assassinato de mulheres por serem mulheres.
É a forma mais extrema da violência de gênero – e infelizmente, ainda é uma realidade cruel no nosso país.

📢 Precisamos falar, denunciar e agir.
Não podemos aceitar que o silêncio continue matando!

Se você souber de alguém em situação de risco, denuncie.
📞 Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher.
📞 Ligue 190 – Polícia Militar em casos de emergência.

#NenhumaAMenos#ChegaDeFeminicídio#AgostoLilás#ViolênciaContraMulherNão#CâmaraDePoxoréuPorElas

Notícias Relacionadas